Luz e clima: diferenças práticas

Já falei muitas vezes e não canso de repetir: a luz é essencial. A mesma composição pode trazer resultados dramaticamente diferentes, dependendo da iluminação e das condições climáticas.

Tenho feito uma série com essa árvore, já que gostei de sua posição. Meio isolada e em um local inclinado, ela se destaca na paisagem e isso é um bom ponto de partida  para ser fotografada. Em pouco tempo, já registrei imagens bastante diferentes e imagino que haverá ainda muito mais variações no decorrer do ano. Entre outras coisas, isso é ótimo para estimular a criatividade e um olhar mais apurado, atento a pequenas modificações que fazem tanta diferença em uma foto.

 

19 de janeiro, 18:55hs.

Nessa hora, o sol já se pôs e é possível perceber que a luz é completamente uniforme e sem sombras. A saturação é alta nessa hora. Tecnicamente, não há nadda errado com a imagem, mas ela é monótona e sem nenhum destaque.

 

10 de fevereiro, 06:10hs.

Às 6:10 da manhã, o sol acabou de nascer e a luz ainda é muito suave, com a vantagem de ser mais quente. A posição dos montes permitiu uma iluminação diferenciada, destacando a árvore e mantendo o fundo na sombra. Particularmente, essa é a minha favorita.

 

20 de fevereiro, 21:07hs.

Essa imagem foi feita numa noite de chuva, mas isso não influenciou significativamente o resultado final. É possível notar que a árvore parece mais iluminada, como se houvesse um foco de luz sobre ela. Isso aconteceu devido a uma casa com luzes acessas logo abaixo da árvore, onde eu cortei a foto. A luz da casa, ainda que apenas moderada, foi suficiente para clareá-la.  Além disso, como é noite, outras luzes ao redor – como as dos postes ao fundo – estão acesas e trazem uma tonalidade amarelada e, na minha opinião, bastante agradável à imagem.

 

03 de março, 07:53hs.

A última das imagens que fiz – até agora – tem apenas 10 dias e aconteceu em uma manhã com neblina. Nesse dia, fiz outras fotos poucos minutos depois, mas a neblina avançou tão rapidamente que logo cobriu toda a vista do vale. Mesmo nessa imagem a árvore já está parcialmente coberta e, se a luz não está particularmente bonita, a diferença climática trouxe um efeito totalmente novo à série.

Esse pequeno exercício tem me mostrado – e espero que mostre a você também – que a paisagem, o assunto, é apenas uma das muitas variáveis na composição de uma imagem. Dessa forma, quando você for criar uma fotografia, lembre-se de que alguns minutos – às vezes, segundos – podem fazer toda a diferença, e procure ser paciente e atento às mudanças.


Carnaval em Terra Ronca

Não foi a minha primeira vez em Terra Ronca. Visitei o Parque em 2008, como descrevi nesse post. A 400km de Brasília – 50 desses em estrada de terra -, não é uma viagem de fim de semana, mas excelente para um feriado prolongado.

Dessa vez, decidimos curtir o badalado carnaval no local que não pega celular, não tem internet e nem TV (até tinha, mas nem experimentamos ligar). Melhor impossível! Só fiquei sabendo da Sandy Devassa e da música do Superman dias depois; o que, convenhamos, não foi exatamente uma perda!

Caverna São Bernardo

1º dia: Chegada, boiacross e foto oficial

Chegamos no sábado, dia 6, e já procuramos nosso guia da viagem, o famigerado Valdin (um cara geeeeeeeente boa!). Ele sugeriu o boiacross na praia de São Vicente e o mirante, e quem somos nós para discordar? Um dia muito divertido, com direito a um caldo ridículo! (não vou contar quem fui pra preservar a pessoa… :)

Carol mais preocupada com a pose que com o controle da boia! Não podia dar outra coisa: “atolou” num galho!

Foto oficial. Da esquerda: eu, Caio, Bruna, Carol, Carrijo, Filps, Valdin e Cremosa!

 

2º dia: Caverna São Bernando, banho de rio e o Dia Oficial da Ajuda aos Sem Noção

Domingueira foi um dia comprido! Começou na Caverna São Bernardo:

Depois, um belo banho de rio até começar a chover. Logicamente, uns brasilienses manés que encontramos lá esqueceram que a região é super barrenta e tiveram a brilhante ideia de atolar 2 carros! Claro que fomos ajudar, mas os caras fizeram um serviço tão bem feito que todo o processo demorou umas 2 horas, pelo menos. O momento mais engraçado foi quando um carro finalmente saiu do aterro e começou a subir uma ladeira; dois camaradas com uns 40kg cada continuaram empurrando só pra garantir e de repente o carro parou de subir e ameaçou voltar. O que os dois gênios fizeram: ficaram atrás do carro de 1.500kg, “nóis tá segurando!”. Nunca vi coro tão sincronizado, 10 homens gritando ao mesmo tempo, “sai daíííí, car#@$%*@!!!!!!!”. :-)

Depois disso, ainda encontramos no caminho um ônibus com a barra de direção quebrada. A Cremosa até tentou ajudar, amarramos corda e tudo, mas o bichão fincou mesmo, só saiu com trator.

Comprando terreno em Terra Ronca

 

3º dia: Caverna Terra Ronca II

Pra mim, esse foi o melhor dia, apesar dos riscos. Eu gosto muito dessa caverna, mas o Valdin estava preocupado em nos levar lá por causa da chuva, que pode aumentar rapidamente o nível do rio que a corta. Deu tudo certo e a experiência foi ótima e sem sustos. Só que não deu tempo de visitar a caverna Terra Ronca I, então tivemos que nos contentar com uma visita à boca da caverna, que tem 96 metros de altura e é uma das maiores do mundo.

Terra Ronca II. Esse é o ponto mais difícil da travessia.

Boca da Terra Ronca I. Reparem no tamanho das pessoas!

 

4º dia: Cremosa na enfermaria e volta pra casa

O dia prometia uma visita à caverna Angélica e um repeteco no boiacross, mas percebemos um problema com a Cremosa (nesse ponto vocês já devem ter percebido que esse é o nome da D20 do Caio :), o que alterou nossos planos, pois precisaríamos ir a São Domingos – a 42km de distância em estrada de terra – pra consertá-la.  Saímos às 7hs na esperança de voltar cedo, mas no meio do caminho o grampo da balança quebrou e ficamos na estrada. Até conseguirmos arrumar um mecânico pra consertar a D20, foram mais umas 3 horas de espera, o que atrasou nossa volta e basicamente ocupou todo o nosso dia. Mas até essa parte foi bacana e uma aventura, já que conhecemos várias pessoas, demos algumas caronas e encontramos até o tal ônibus que tinha quebrado a barra de direção. Coisas de Terra Ronca!

Cremosa na enfermaria

No fim das contas, gostei muito da viagem, das fotos, das aventuras. Mais uma vez, como há 3 anos atrás, recomendo!


 


Revolução no Egito, por Peter Turnley

O site “The Online Photographer” – ou simplesmente TOP -, um dos meus favoritos quando o assunto é fotografia, postou um excelente texto (com maravilhosas imagens) do fotógrafo Peter Turnley, que já trabalhou em outros eventos políticos importantes, como a queda do muro de Berlim, o desmanche soviético, entre muitos outros.

Dessa vez, Turnley foi ao Egito para cobrir o evento – e a potencial renúncia de Mubarak – e chegou no momento mais oportuno possível, capturando o ápice dos protestos e a queda do ditador.

 

Foto de Peter Turnley

Vale a pena conferir todo o trabalho nesse link, em que o fotógrafo relata a sua experiência e divide conosco esse momento tão significativo da História.

Foto de Peter Turnley

Para outros trabalhos e fotos do autor, o site é http://www.peterturnley.com/


História de uma nuvem

É engraçado como as coisas acontecem. Hoje fui fotografar um pouco porque havia uma nuvem muito diferente no céu: primeiro, ela estava bem clara e contrastando com um fundo bastante escuro; além disso, dentro dela estava relampejando, sendo que o céu estava todo claro!

40mm, F4.0, 6 segundos.

Tripé em mãos, lá fui eu começar a fotografar. Em no máximo 15 minutos, a nuvem tinha se dissipado e a cena deixou de ser interessante. Quando fui colocar as fotos no computador para escolher as melhores, comecei a passar rapidamente por elas e vi que, sem querer, tinha feito uma sequência do seu movimento, desde o momento em que ela estava bem compacta até quando ela quase se dissipava no céu.

Nunca tinha feito um vídeo a partir de sequências de imagens, mas depois de ler um tutorial e 10 minutinhos organizando as fotos, saiu alguma coisa. Gostei, apesar de não ter tido qualquer preocupação de uniformizá-las (sem paciência pra normalizar 45 imagens!).

Esse foi o resultado: 43 fotos e 9 minutos de nuvem.

Nesse link a qualidade está melhor; de qualquer forma, tem uma versão no youtube também:


Aviões fantasma

Observem a diferença que a luz faz.

Durante o dia, a alta iluminação revela tudo: cores, formas, e é possível até mesmo congelar o movimento.

Esquadrilha da fumaça, 2005.

 

Ao final do dia (ou no início), quando a luz é bem menos intensa, ainda é possível congelar o movimento, mas a iluminação indireta (na nuvem e não no avião) propicia um menor contraste, silhuetas e todo um contexto mais suave e agradável.

Aeroporto de Brasília, 2005.


À noite, tudo muda. A pouquíssima luz significa que são necessárias exposições bem mais longas e o avião se torna um vulto marcado apenas por suas luzes; essas, sim, são suficientemente intensas para serem registradas pela câmera.

Avião fantasma nº 1, 2011.

Avião fantasma nº 2, 2011.

 

Essa última foi a minha favorita do dia, parece um avião fantasma mesmo! Mas eu posso assegurar que não é… de qualquer forma, vou dormir com as portas e janelas fechadas hoje, só pra garantir… :-)

Avião fantasma nº 3, 2011.

 


Dia de experimentações

Pra começo de conversa: adoro relâmpagos! Quando vejo que estão “dando a cara”, já preparo a câmera, o tripé, o ipod, pego uma cadeira, vou pro quintal e esqueço do resto.

Dia desses, relampejou. Geralmente, faço fotos “padrão” pra dias com raios: exposição longa, capturando diversos relâmpagos no mesmo frame, do jeito que eu gosto.

Mas dessa vez, os relâmpagos estavam escondidos, brilhando por trás das nuvens. Nessa situação, esse tipo de técnica não tem nem de perto o mesmo resultado. Depois de uma meia hora tentando – sem sucesso – fotografá-los do jeito “normal”, me convenci de que esse não era dia de normalidade, mas de experimentação. Se só temos limões, façamos limonadas, não é?Brilhando por trás das nuvens, o efeito também é interessante, mas faltam os traços no céu. Clique para ampliar a imagem.

 

Desistindo do padrão, era hora de decidir o que fazer. Com tempo, optei por “de tudo um pouco”. Isso foi bom pela oportunidade de praticar técnicas que uso pouco no dia a dia e que podem ter resultados muito bacanas. Decidi focar em três técnicas: focus shift, zoom shift e panning.

Como eu queria um relâmpago nessa imagem…

 

Com as fotos, fica bem fácil entender o que cada uma propicia. Focus shift é a alteração do ponto de foco durante a exposição. Lembram da nossa discussão sobre profundidade de campo? Pois é, ao mudar o foco, os pontos de luz formam esses discos; quanto maior o shift, maiores são os discos. Nas primeiras tentativas, achei esses olhos de gato exageradamente grandes. Ou seja, precisava diminuir o movimento do anel da lente.

Muito shift = graaaandes olhos!

Depois de algumas tentativas – e um pouco de sorte -, cheguei a uma forma que me agradou.

Ah, uma observaão: se o shift for realizado ao longo de toda a exposição, o resultado sairá todo borrado. Como corrigir isso? Mantendo a configuração da câmera inalterada até perto do fim da exposição e só então você faz a mudança. Nessa exposição de 25 segundos, eu só toquei no anel de foco nos últimos 5 segundos, após experimentar outras combinações de tempo.

Zoom shift é parecido, mas nesse caso você altera a distância focal, aumentando ou diminuindo, provocando outro tipo de alteração: esse “arrasto” dos pontos de luz. Nesse caso, eu optei por fazer o movimento de shift durante toda a exposição, já que não queria os pontos de luz carregados demais em nenhuma parte da imagem. Isso pode ser feito sem grande prejuízo do plano de fundo por causa da baixa luminosidade no plano de fundo: nada é registrado muito claramente. Isso quer dizer que, quando há um aumento repentino da luminosidade lá atrás – exatamente no momento de um relâmpago – a imagem registrada é bem mais intensa que em todos os outros momentos da exposição e isso se sobressai, “congelando” o plano de fundo.

Zoom shift. Quando relampeja, a imagem de fundo é “congelada”

 

Finalmente, panning. Basicamente, o pan é feito com o movimento da câmera em um eixo: nesse caso, rotacionei no eixo horizontal e as luzes das casas “riscaram” toda a parte de baixo. Era exatamente isso que eu estava tentando fazer, torcendo por um mísero relâmpago, que apareceu nessa foto! Pra conseguir essa imagem, eu fiz umas 20 ou 30 usando a mesma técnica; na maioria das fotos, não tive sorte de capturar o relâmpago, até que consegui nessa. Da mesma forma que fiz com o zoom shift, optei por fazer o panning durante toda a exposição pra não sobrecarregar um ponto da imagem, sabendo que, com pouca iluminação no fundo, qualquer raio que surgisse seria claramente registrado. E como o movimento era lento, não dava tempo de “borrar” o raio (se o movimento fosse exageradamente rápido, naturalmente o relâmpago iria se “arrastar” na imagem, assim como as luzes de baixo.

Panning.

Gostei de praticar as técnicas e, com o equipamento correto, você pode  conseguir resultados semelhantes. É bom fugir do habitual, de vez em quando. No fim das contas, o resultado do panning foi o meu favorito!

E o seu?


Thom Hogan em Torres del Paine

Thom Hogan é um renomado profissional no ramo da fotografia, especializado em produtos Nikon. Além disso, ele escreve livros, faz workshops e apresenta análises extremamente interessantes sobre o mercado da fotografia. Ou seja, se você quer se inteirar desse universo, não pode deixar de checar regularmente www.bythom.com.

Recentemente, ele conduziu um workshop na Patagônia chilena; mais especificamente, no Parque Torres del Paine, um destino excelente para fotógrafos e aqueles que admiram belas caminhadas e paisagens naturais. O site do parque traz diversas fotos e informações. Em resumo, é um local com uma paisagem espetacular, mas cujo acesso não é exatamente fácil. A rota comum inclui Punta Arenas e Puerto Natales, que são cidades pequenas, até onde eu sei.

Ainda não conheci o parque, mas há tempos essa é uma de minhas prioridades, a ponto de chegar a planejar uma viagem pra lá nesse ano. E aí entra a experiência do Thom Hogan, cuja viagem com participantes do workshop aconteceu nesse mês (lembro de ter visto essa viagem agendada há quase um ano e pensei seriamente em me inscrever!). Em resumo, houve uma greve na região e os turistas foram usados como moeda de barganha, sendo impedidos de sair por alguns dias. O Thom usa a palavra “refém”, que alguns podem achar exagerado – ninguém do grupo dele foi machucado ou diretamente ameaçado, diga-se de passagem -, mas não considero um termo absurdo considerando a situação.

Esse é o link pro artigo: http://www.bythom.com/hostage.htm

O texto é extenso, mas vale a pena. Com seu estilo provocador, as ponderações vão muito além da simples situação ocorrida, passando por uma análise econômica, ética e política.

Para quem pretende viajar pra Torres del Paine, considero a leitura obrigatória. Como ele ressaltou, nada impede que outras situações semelhantes aconteçam, considerando esse precedente. Não concordo com algumas generalizações (toda a América do Sul sendo considerada um local pouco seguro e confiável para viagens) e com o boicote que ele propõe ao Parque, considerando que os estabelecimentos lá não apoiaram a ação. Mas até entendo a indignação: ficar “preso” por dias em qualquer lugar não é nada agradpavel. Junte-se a isso a inação dos veículos de notícia e o alto custo de todo esse processo (segundo o artigo, mais de 1.500 dólares), sua reação não me surpreende.

Por que o mundo não ficou sabendo disso?! Hummm…

 

Edit: escrevi para o Thom Hogan falando sobre essa situação e fazendo o adendo de que considero o Brasil um lugar seguro pra viajar (com a ressalva de alguns lugares, obviamente), já que ele havia generalizado sua preocupação a toda a região. Ele foi muito atencioso e me respondeu que, na verdade, ele tem dito às pessoas  exatamente isso: que o Brasil realmente lhe parece a melhor opção na América do Sul, em termos de segurança e confiança. Concordo com ele :-)


Os tais 45 minutos

Há um tempo atrás – mais precisamente, nesse dia -, eu falei um pouco sobre exposições longas e prometi postar a minha foto de 45 minutos. Ao invés de apenas anexa-la aqui, vou contar a história dela.

Ela foi feita em 11 de junho do ano passado, em uma viagem que fiz com um grande amigo. Nessa foto abaixo, procurei retratá-lo em seu melhor ângulo:

Neander, no escuro e em contra-luz: seu melhor ângulo*! :-p

(*) Não, nada de “tadinho dele!”. Sim, ele mereceu. Sim, eu já comi um naco de raiz forte do tamanho de uma laranja por culpa dele. Moving on…

Fizemos uma expedição fotográfica (recomendo para os amantes de fotografia!) e, numa viagem como essa, não faltam situações para fazer imagens, considerando que você está lá exatamente para isso! Sem outros compromissos, é mais fácil planejar e aproveitar as oportunidades. Com isso em mente, definimos algumas saídas noturnas para fotografar.

No primeiro dia, fiz um banner involuntário para a Ford. Procurando fotografar o carro e o céu, não era possível planejar os outros automóveis passando, considerando que a exposição foi de 2 minutos. No fim das contas, o efeito dos farois “pintando” o fundo  ficou muito bom.

“Banner da Ford”. Em 2 minutos, já é possível perceber o movimento das estrelas.

 

Na mesma noite, continuamos com as exposições longas para capturar o movimento das estrelas. Para isso, quis um primeiro plano mais rústico, combinando com o ambiente. Essa foi de 10 minutos.

Em 10 minutos, o movimento das estrelas fica bem aparente.

 

Na noite seguinte, nova saída. Queríamos uma exposição ainda mais longa e aproveitamos o dia para pesquisar bons locais para fotografar. Achamos essa árvore que serviria para compor a imagem.

Luz do farol do carro em uma exposição longa?? Hmmm… acho que não.

 

Fazer uma foto como essa não é exatamente fácil. São necessárias várias tentativas para 1. calcular a exposição correta; 2. achar a mehor composição e o posicionamento; 3. definir o uso de luz externa, entre outros. Mesmo assim, há uma possibilidade razoável de erro em cada uma dessas variáveis.

Foto de teste para calcular a exposição correta. Uma preocupação a menos!

 

Finalmente, vamos à imagem. Considerando o tempo, não é possível fazer várias tentativas. Não pela espera em si, já que a hora passa voando se você estiver acompanhado, mas pela bateria da câmera. De fato, só tivemos uma chance para fazer a foto. A do Neander, infelizmente ficou bem manchada (alguém esqueceu de tirar o filtro ultra arranhado da lente , aí fica difícil…). A minha não manchou, mas ficou com muito ruído por causa do longo tempo de exposição (o sensor aquece e isso aumenta o ruído da imagem). O resultado colorido foi esse:

Estrelas em formato radial. Isso não é uma coincidência.

 

Para diminuir esse problema do ruído, preferi convertê-la para P&B, achei que ficou melhor.

Resultado final: 45 minutos bem utilizados!

 

Apesar das limitações, gostei do resultado! Ah, você sabia que a linha que as estrelas desenham varia de acordo com a posição da câmera em relação a elas? Usei um GPS para definir a posição, já que queria esse formato radial. É possível também que as estrelas desçam retas ou levemente inclinadas, dependendo da direção da câmera.

FotodaFoto também é ciência! :-)


FotodaTécnica: Profundidade de Campo

Na postagem “Por que sua câmera compacta não desfoca o plano de fundo?”, discutimos um pouco das limitações de câmeras compactas na separação de diferentes planos. Continuando esse tema, gostaria de explorar um pouco mais a Profundidade de Campo (Depth of Field ou apenas DOF), incluindo diversas imagens para exemplificar os possíveis elementos que a afetam.

Primeiramente, quero frisar que não há mistério. Conhecendo as possíveis variáveis que afetam a DOF, você pode manipulá-la da maneira que quiser e passa a ter um controle bem maior sobre o processo de criação de imagem.

Existem três variáveis que afetam a profundidade de campo:

1. Abertura da lente

2. Distância focal

3. Distância de foco

Vamos diferenciá-las. Abertura (aperture) da lente é literal e auto-explicativo: em termos simples, é o diâmetro da abertura que permite a entrada da luz no sensor/filme. Esse diâmetro não é fixo e pode ser controlado pelo fotógrafo. Ela é representada por um número antecedido da letra F (exemplo: F2.8, F4, F8, F11 etc). Atenção: quanto maior é a abertura, menor é o f-stop, esse número de que falei acima. Ou seja: F2.8 é uma abertura MAIOR do que F11.

Distância focal (focal distance), como discutido no outro artigo, é a distância entre o ponto de foco da lente e o sensor da câmera. Pense assim: quanto maior o “zoom”, maior a distância focal (essa definição é apenas para fins explicativos, ok? Na verdade, zoom é outra coisa, mas vamos usar esse termo porque todo mundo conhece). Exemplos de distâncias focais são 50mm, 135mm, 200mm etc.

Distância de foco (focus distance) é a distância entre o sensor/filme e o ponto de foco da câmera. Isso, claro, muda toda hora: se você foca em algo próximo – como em uma pessoa para fazer um retrato -, a distância de foco é curta; se for fotografar uma paisagem distante, a distância de foco é longa.

Sendo simples e direto (anote aí), mantidas as demais variáveis:

1. Quanto maior a abertura, menor a profundidade de campo;

2. Quanto maior a distância focal, menor a profundidade de campo;

3. Quanto maior a distância de foco, maior a profundidade de campo.

Pronto, você sabe o que afeta a DOF de uma imagem, é simples assim! Como já havia falado no artigo de câmeras compactas, elas usam uma distância focal muito pequena, o que explica a profundidade de campo tão grande que praticamente não pode ser manipulada.

Agora vamos a alguns exemplos. Para comparar as diferenças citadas acima, eu utilizei a Canon 5D, que é uma câmera Full Frame, com o sensor do mesmo tamanho das câmeras analógicas mais comuns. Ela permite um excelente controle de DOF, então fica mais fácil destacar as diferenças. Ao final eu também comparo, na prática, qual é a diferença entre uma câmera dessas e uma compacta, em termos de DOF.

Canon 5D e Canon G11

 

Inicialmente, vamos comparar uma série de aberturas: F4, F11 e F22. Repare que, quanto maior a abertuta (e menor o número), menor é a profundidade de campo. As outras variáveis foram mantidas.

Canon 5D, iso100, 1/30s, 80mm, F4

Canon 5D, iso100, 1/30s, 80mm, F11

Canon 5D, iso100, 1s, 80mm, F22

Dá pra perceber que as casas ao fundo começam a aparecer conforme diminui a abertura da lente. Para visualizar melhor, clique nas fotos.

Agora, vamos comparar a diferença causada pela mudança da distância focal. As outras variáveis foram mantidas.

Canon 5D, iso100, 1/40s, F5.6, 24mm

Canon 5D, iso100, 1/40s, F5.6, 55mm

Canon 5D, iso100, 1/40s, F5.6, 105mm

Novamente, a diferença é clara. A única alteração que fiz, nesse caso, foi aumentar a distância focal. A corrente está sempre em foco, mas repare como as casas ao fundo vão gradativamente desfocando.

Finalmente, comparemos a distância de foco. Nesse caso, a única variação consistiu em mudar o ponto de foco de primeiro para o terceiro “trem” (Tijolo? Pedra? Sei lá, vai “trem” mesmo :-)

Canon 5D, iso100, 1/13s, , 80mm, F8

Canon 5D, iso100, 1/13s, , 80mm, F8

Com o ponto de foco mais próximo, o tijolo já aparece meio desfocado, o trem do meio também. Com o foco mais distante, as casas ao fundo ficam menos borradas, o trem do meio também e o tijolo está quase igual. Você poderia achar que é porque os trens de trás estão mais próximos um do outro, mas isso é impressão causada pela perspectiva, os três estão quase equidistantes.

 

Por último, é interessante comparar também câmeras com sensores de tamanhos diferentes, mas ajustadas com configurações semelhantes:

Canon G11, iso100, 1/20s, F4, 18mm (equivalente a 82mm no padrão Full Frame)

Canon 5D, iso100, 1/20s, F4, 73mm


Procurei ajustar as câmeras da forma mais próxima possível. Há uma pequena diferença na distância focal, o que não atrapalha a comparação. Na verdade, isso até favorece a G11, dando a ela um DOF menor devido à maior distância focal. Ainda assim, dá pra perceber que a diferença é significativa.

Como falei anteriormente, não há mistério. Pode demorar um pouco para assimilar essas informações, mas depois que isso acontece, todo o processo de controle de DOF se torna automático e intuitivo. É claro que esse conhecimento não irá surpreendentemente mudar a capacidade da sua câmera, seja ela uma compacta ou DSLR. Mas pode te ajudar a reconhecer maneiras de controlar esse elemento tão importante na fotografia, usando-o a seu favor na composição de uma imagem.

Boas fotos!


Tá acabando…

2010 tá indo embora…

 

2011 tá chegando aí, bem devagarinho…

 

Feliz 2011 a todos!